David Penela é um nome incontornável da ilustração portuense.
É, aliás, na cidade invicta que vive, trabalha e gosta de passear.
Licenciado em Artes Plásticas – Multimédia, na FBAUP, e Mestre em Desenho e Técnicas de Impressão, o David tem vindo a utilizar stencil, tinta de spray e lápis sobre papel, explorando a textura, a cor e as nuances que todas estas técnicas possibilitam.
Devorador de pizza em part-time, passa outra metade do tempo em volta de tudo o que seja desenho, ilustração e técnicas de impressão, através das quais explora temas derivados da cultura popular e do seu próprio universo pessoal.
A sua obra está repleta de paisagens naturais, ora mais abstractas, ora mais figurativas, que se constroem a partir da sobreposição de camadas e texturas, o que lhes dá um aspecto manual e único. O seu trabalho tem sido regularmente exposto em inúmeras galerias, individual e colectivamente, desde 2007.
Para nós, o David é realmente alguém muito familiar. Conhecemo-lo há mais de 8 anos, enquanto fazedor — uma das metades da marca Freaks and Geeks, que ainda representamos na nossa loja — enquanto ilustrador — reconhecido, apoiado e divulgado pela nossa vizinha e amiga, Ó! Galeria — e enquanto peça firme na nossa comunidade desde 2015 — presença assídua nos vários eventos (inclusive, o S. João!) da CRU.
Em Maio passado, o ilustrador foi um dos 3 artistas convidados para a exposição colectiva da CRU Galeria, PANO DE FUNDO 2021. Da qual resultou uma série inédita de fundos/backdrops — um deles da sua autoria —, cuja reprodução será lançada ao público em breve e com disponibilidade imediata para requisição no estúdio de fotografia da CRU.
Para melhor conhecerem o seu portfólio podem visitar o website ou a loja online do autor, ou poderão dirigir-se à Ó! Galeria, ou ainda, visitá-lo pessoalmente, aos sábados, no Mercado Porto Belo.
Sabemos que és um freelancer há já vários anos. Em que projecto(s) estás a trabalhar neste momento?
De momento estou a trabalhar em projectos pessoais, algumas ideias que estavam guardadas há algum tempo no sketchbook. Fora do trabalho “profissional”, sempre foi importante explorar projectos e ideias pessoais, quer para exposições, quer para mim mesmo em que posso ser mais experimental.
A que horas gostas de te sentar à secretária?
Encontrar um equilíbrio entre vida pessoal e profissional consegue ser difícil principalmente quando trabalho a partir de casa. Regra geral, por volta das 9:30 – 10h da manhã já estou na secretária, quer a preparar o dia ou a trabalhar.
O que há para ti nas montanhas, nas casas, nos mares… para que habitem frequentemente o teu trabalho?
Não sei bem explicar o porquê das paisagens. Gosto da simplicidade delas, do “flow” e da forma. A forma é muito importante e a maneira como cada “layer” interage com a outra, também. Tenho memórias de infância de olhar para os montes perto da casa dos meus pais e existir sempre uma única casa a meio das colinas, sozinha e a contrastar com o ambiente em redor.
O que me move e inspira é o trabalho de outras pessoas, de outros artistas de diferentes campos artísticos.
Onde podemos encontrar e comprar as tuas peças / o teu trabalho?
Podem encontrar o meu trabalho em vários sítios: a Ó! Galeria, no Porto; o Armazém 66, em Viana do Castelo; Área 55, em Guimarães; El Diluvio Universal, em Barcelona, entre outras, para já 😉
Geralmente, clientes, é por email o contacto, quer procurados por mim ou vindos ao meu encontro. O instagram também dá muito jeito para mostrar trabalho, processo, identidade ou até mesmo vender.
Que princípios te regem quando atribuis um preço ao teu trabalho ou negoceias com um cliente?
Os princípios partem da experiência, do trabalho com galerias e da partilha com colegas da profissão sobre preços, métodos e modos de trabalho. Por exemplo, tenho uma tabela mental de preços para originais meus com variantes, tais como, tempo de produção, quantidade de trabalho, etc. Trabalho digital para clientes, já é outra tabela. Geralmente até consulto e peço opiniões a amigos e colegas. Há uma base de preços que, dependendo do pretendido, é ajustável.
Como é para ti ser um criativo independente, actualmente?
É difícil. Embora tenha toda a flexibilidade que precise a segurança de trabalho não acompanha. É bom poder fazer os meus próprios horários, mas, por vezes, o problema é ter que fazer os meus próprios horários e tentar manter essa consistência. Consistência essa de ter de ser ilustrador, social media manager, empreendedor e todas outras funções, é difícil e, por vezes, a cabeça falha. Trabalhar em casa também pode ser uma benção e um problema, no entanto, geralmente consigo fazer essa separação quer com horários (não trabalhar a partir de certa hora a não ser que precise mesmo) ou o espaço de casa (atelier e quarto separados). Eu gosto assim de qualquer das maneiras.
O que te faria mais feliz ou realizado profissionalmente?
Simples, que me cheguem trabalhos bons e bonitos e não parem de vir. Para o futuro, conseguir realizar toda uma lista de ideias que tenho atrasadas e, com sorte, poder incorporar essas ideias no meu trabalho profissional.
Quem é o David quando não está a desenhar?
O David quando não está a desenhar é uma pessoa que gosta de descansar, dar voltas a pé sozinho ou acompanhado, fazer festas ao Louie (o meu gato), comer pizza, jogar jogos (é gamer). Gosto de meias de leite pela manhã, especialmente para começar a semana, e tenho sempre calor.
Que outra profissão terias se não fosses ilustrador?
Não tenho a mínima ideia. Gostava de pilotar aviões, mas não posso. Acho que gostava de algo manual.
Que dicas ou conselhos deixarias para alguém que está a começar na tua área?
Desenhar todos os dias e mostrar trabalho sempre que possível em todo o sítio. Falar e partilhar experiências, dúvidas, material com colegas e amigos.
O CRU Spotlight é um rubrica de pequenas entrevistas a pessoas da comunidade CRU, com foco em aspectos da sua vida profissional como independentes no sector das Indústrias Criativas.
Texto: Tânia Santos Edição: Rossana Mendes Fonseca Fotografias: David Penela