Hoje fomos visitar a Marina, do Centro Comercial Bombarda, onde tem também uma loja vintage. A sua formação inicial é como designer gráfica, fazendo, depois, formação em produção na agência de design de Francisco Providência, onde aprendeu muitas coisas e construiu as ferramentas base para o futuro. Contudo, este tipo de trabalho não era o que ela queria.

“Tinha um bom ordenado mas estava muito infeliz. Então, decidi alugar uma unidade da loja do meu pai e ficar com uma parte para vender velharias, livros de poesia, discos, roupas usadas e roupas de jovens talentos”.

Como a localização da loja não era suficientemente boa, Marina decidiu colaborar com uma amiga dela para encontrar um sítio mais adequado aos próprios desejos. “Como a Paola trabalhava no mundo da arte, tinha ouvido que, na Rua Miguel Bombarda, o Fernando (Santos) estava a abrir uma galeria. Fomos dar uma espreita e vimos uma casa maravilhosa de quatro andares com jardim e decidimos alugar. Em 1998, abrimos o Café Velharias, mas ainda tinha muito espaço livre e a renda para pagar era alta… então, pensámos em começar a convidar gente que tinha a ver connosco e que tinha projetos que gostávamos”. Começaram a juntar-se cada vez mais projetos novos e gente dinâmica, como o Matéria Prima, que na altura tinha um projecto online de discos e publicações, e a casa inteira encheu-se rapidamente. Nem depois de três anos toda a gente falava do Artes em Partes. Marina continuou a administrar o espaço por mais doze anos, quando surgiram alguns problemas que a fizeram desistir do negócio. “As empresas cresciam e eu não tinha espaço para elas crescerem, por isso saíam…aquilo de facto era uma incubadora de projetos e negócios, por isso foi bom mas na realidade era muito trabalho e eu só tinha um lucro moral”.

Foi no mesmo ano, em 2010, que surgiu a oportunidade de Marina administrar o Centro Comercial Bombarda. “A ideia era a de aquilo ser ligeiramente mais comercial para se manter o interesse também pela gente que vem visitar o Porto. O projecto teve um crescimento rápido e positivo, pois a escolha dos negócios foi criteriosa.” Naquela altura, no quarteirão, as únicas lojas que existiam eram um chinês, um senhor que vendia candeeiros e umas dez galerias; quando abriu o CCB, a Rua Miguel Bombarda começou a tornar-se numa zona mais interessante a nível comercial e o quarteirão tornou-se mais dinâmico, menos selectivo e a chamar mais povo.

Neste momento, o Centro Comercial Bombarda conta com 23 lojas entre as quais, o mercado semanal aos sábados, o Berdinho.

“O quarteirão está a crescer bem, precisaria de mais investimento para a rua ficar mais atractiva e criar dinâmicas únicas, mas a direcção é positiva. Esta tendência dos estrangeiros virem para aqui abrir lojas também é boa; há gente muito interessante que vem de fora e tem outra visão, outra frescura. Têm uma abordagem completamente diferente da nossa e é muito importante para nós aprendermos com eles e com a sua profissionalidade. O covid é uma crise que vai diferenciar quem vai aguentar e quem não…vai ser uma selecção natural.”

Proust questionnaire com Marina Costa

Qual é o teu lema?

Perseverança.

Qual é uma coisa que sempre quiseste fazer?

Ser independente.

O que estás aprender?

Agora, em específico, a história da joalharia.

Qual é a qualidade que mais gosta numa pessoa?

Sinceridade.

Qual é a tua maior extravagância?

Emborrachar-me à noite.

Qual é a tua característica mais marcante?

teimosa

Três palavras para te descrever.

Persistente, desorganizada e crente, acredito nas coisas e faço. Se tu queres realmente uma coisa, tu consegues, tens que trabalhar para isso.

Duas palavras para descrever o CCB.

Fresco e curioso, porque há coisas que têm alguma piada e que são diferentes.

Uma palavra para descrever o Quarteirão Bombarda.

Tem que ser o melhor. Há muita gente com valor aqui mas temos que nos organizar melhor.

Bombardians é a nova rubrica que dedicamos aos nossos vizinhos – pessoas e negócios criativos que fazem parte do Quarteirão das Artes do Porto.

Entrevista: Benedetta Grasso Edição: Rossana Mendes Fonseca Fotografias: João Ferreira