Sérgio Gameiro é um dos fundadores da wetheknot. É formado em design e marketing de moda pela Universidade do Minho, enquanto que Sérgio Cardigos Oliveira, co-fundador, é designer de comunicação, tendo frequentado as Faculdades de Belas Artes de Lisboa e do Porto.

Em 2013, conhecemos o Sérgio e o Filipe por intermédio da Fernanda Pereira — designer de moda presente na CRU —, com quem partilhavam loja e estúdio no Bairro Alto. Influenciados pela Fernanda, recebemos a proposta desta marca praticamente desconhecida, a wetheknot, que produzia, então, calções de banho inéditos, feitos de tecidos de guarda-chuvas recuperados das ruas de Lisboa. Impressionados com estes e outros produtos desta dupla de designers, abrimos as portas da loja da CRU à WTK, o seu primeiro ponto de venda no Porto e onde ainda é possível encontrar o seu vestuário e acessórios vários.

A WTK é, de facto, uma das marcas mais acarinhadas por nós e os seus fundadores Sérgio e Filipe são dos fornecedores mais fiáveis e profissionais com quem já trabalhámos.

A wetheknot traçou um percurso de amadurecimento ao longo dos anos, de forma consistente e assumidamente como uma marca de slow fashion, baseada no consumo ético, que produz uma série de coleções de roupa e acessórios de edição limitada, sustentáveis e eco-friendly. 

Nas diversas visitas que já lhes fizemos, tanto na loja da Rua da Rosa, como no escritório do Centro de Inovação da Mouraria — do qual também somos fãs! —, fomos sempre recebidos com carinho e amabilidade.

Podem encontrar as peças wetheknot na sua loja online ou, claro, na loja da CRU.

O que é que te levou a criar a Wetheknot?

A wetheknot surge de uma insatisfação pessoal com o fast-fashion e pela curiosidade em explorar práticas de design mais alinhadas à sustentabilidade. Algo que até começar com o projeto da wetheknot ainda não tinha tido oportunidade de fazer, mesmo já estando a trabalhar na indústria têxtil portuguesa.

A wetheknot nasceu em 2010 quando conheci o Filipe no Porto, que me desafiou a embarcarmos no nosso primeiro projeto: trabalhar com tecidos de guarda-chuvas estragados que ele tinha encontrado abandonados na rua.

A partir daqui, lançámos a nossa primeira coleção de calções de banho produzida com o tecidos destes guarda-chuvas, ao mesmo tempo que ainda ia fazendo uns trabalhos em freelance. E em 2015, decidimos dedicar-nos totalmente a criar esta marca sustentável de acessórios e de roupa, e daí se desenrolou o nosso sonho com a wetheknot.

Trabalho e conhaque…como doseias o teu cocktail?

Por vezes torna-se difícil encontrar a dose certa de ingredientes para este cocktail, mas aqui vão algumas dicas para aprimorar a receita:

O Primeiro passo: é ter uma rotina de trabalho, e juntar a este mix um horário e fazê-lo cumprir.

Segundo passo: mexer bem, e depois adicionar à mistura o total usufruto dos fins-de-semana e, claro, fazer férias.

Terceiro e último passo: deitar a mistura para um copo, espremer umas gotinhas de limão, sem esquecer de não falar de trabalho depois das 20h e de só abrir o e-mail durante o horário de trabalho.

Casa, escritório, coworking, oficina?… Onde passas as tuas horas de criatividade e produtividade?

Começámos por alugar um escritório para trabalhar, mas há 4 anos mudámos-nos para um cowork de indústrias criativas, no Centro de Inovação da Mouraria. Foi uma mudança muito positiva a todos os níveis: estar em contacto com outras pessoas permite-nos ter mais espaço para partilha, crítica e diálogo. Partilhar o nosso espaço de trabalho leva-nos a criar novas sinergias, parcerias e inspirações. Para além de ser mais dinâmico, ajudou-nos muito a crescer profissionalmente, e também a nível pessoal.

Grande parte das minhas horas de criatividade e produtividade são passadas entre a nossa loja no Bairro Alto e o nosso atelier no Centro de Inovação da Mouraria.

Quais as tuas marcas de casual wear preferidas? O que têm de especial?

Há marcas incríveis pelo mundo e eleger apenas algumas seria muito difícil. Para mim é me mais fácil identificar aquilo que me inspira no mundo da moda. Neste caso, gosto muito da simplicidade e do design japonês. Aliás, sou fascinado pela cultura japonesa, nomeadamente a forma simples e certeira como trabalham os materiais. Para além disso, sou também muito fã do design escandinavo, especialmente pelo seu design simples, funcional e minimalista que dá primazia às linhas retas.

Os produtos da WTK são produzidos à imagem do Sérgio e do Filipe, ou a pensar nos seus clientes?

Os produtos são criados por nós, Sérgio e Filipe, à imagem do nosso cliente. O facto de termos uma loja permite-nos ter um contacto direto e imediato com os nossos clientes. Conseguimos receber o seu feedback de forma instantânea, o que é algo que valorizamos e que nos ajuda muito. Comunicamos também e cada vez mais pelo Instagram, que acaba por ser um canal que nos traz uma certa proximidade do nosso público. E também usamos o e-mail para responder a algumas dúvidas.

Como descreverias a tua equipa de sonho?

Pessoas que partilham os mesmos valores e ideais da wetheknot, como a sustentabilidade e o minimalismo. Estou muito contente com a minha equipa. Não somos uma equipa muito grande, mas somos unidos e o facto de sermos uma equipa pequena permite-nos estar todos envolvidos em diferentes áreas, o que traz um certo dinamismo ao nosso trabalho. Esforçamos-nos para dar liberdade a cada um de criar o seu espaço na wetheknot.

Como vês o crescimento e a escala da WTK nos próximos anos?

O nosso objetivo principal é continuar o trabalho que temos desenvolvido, nomeadamente a forma como temos vindo a produzir. Desde do início da pandemia que aspiramos a introduzir uma produção mais sustentável, a qual acabámos por chamar: made-to-order. Desta maneira, não temos stock e conseguimos controlar melhor o nosso desperdício, produzindo à medida que são feitas as encomendas. O meio ideal para este tipo de produção é online, mas no futuro gostaríamos de o expandir para o offline, possivelmente até as pessoas se habituarem a esta nova forma de produção e consumo.

Que app/software faz te ti um super-humano?

A nível de organização: uso o Google Drive para criar e partilhar vários documentos, e o Asana para delinear tarefas.

A nível de design: uso o Adobe Illustrator e o Photoshop, que são bastante intuitivos e incluem todas as ferramentas que preciso para o meu processo criativo.

Para inspiração: recorro ao Pinterest e Instagram pela atualização diária e quantidade de conteúdo existente.

Que outra profissão terias se não fosses designer?

Se não fosse designer, talvez gostasse de ser cozinheiro, porque gosto de cozinhar e de comer, ou talvez jardineiro, porque estou cada vez mais fascinado com o mundo vegetal. Aliás, estou  atualmente envolvido num projeto de implementação de uma horta no nosso espaço de coworking, com o objetivo de fazer crescer a nossa própria comida. 🙂

Que armas usaste, a nível profissional ou pessoal, contra as maleitas da pandemia?

No meu kit de sobrevivência à pandemia foi indispensável incluir: a prática de exercício físico, vestir-me como se fosse para o trabalho, uma caminhada matinal ou ao fim do dia e, claro, um copo de vinho.

CRU Spotlight é um rubrica de pequenas entrevistas a pessoas da comunidade CRU, com foco em aspectos da sua vida profissional como independentes no sector das Indústrias Criativas.

Texto: Tânia Santos Edição: Rossana Fonseca Fotografias: Cortesia wetheknot