self-less self-portraits

poderia ser uma obsessão voyeuristíca e vã em reconhecer nos traços

de alguns animais, que simbolicamente emergem na grande história literária, inclusivamente bíblica, detalhes intensivos

de humano. Será provavelmente isso tudo, não obstante, é, sobretudo, um ensaio fotográfico existencial, especular e, portanto, quasi-biográfico.

Ou como nos confessa Simão do Vale Africano: «breve reflexão sobre como o espaço pode

ser ocupado por algo completamente nosso (na sua existência simbólica e sedutoramente retorcida)
e, ao mesmo tempo, ser privado de qualquer traço humano que nos possa lembrar a ideia de retrato».

self-less self-portraits

convoca-nos a um olhar outro sobre um dos géneros mais tradicionais da fotografia — o retrato — que, aqui, se torna o médium por excelência de transmutação dos traços afectivos mais essenciais do humano.

Assim, «com aquela distância de que a percepção gosta para

se chamar imaginação, os traços realistas dos animais são símbolo pessoal e intransmissível de algo em nós que pode correr mal».

Correr mal ou, como quem diz, mergulhar nas profundezas sórdidas da (auto)ficção.