Com sangue do norte, a FIlipa tem muita garra e um coração gigante. É imediatamente notório que é uma pessoa acarinhada por todos aqueles com quem interage. Comunicadora, gentil e genuinamente dedicada às pessoas, projectos e causas que abraça, Filipa Moredo é uma profissional independente, super criativa e extremamente competente.

Bragança é a sua cidade natal, mas foi na cidade invicta que estudou e para onde voltou após o seu curso de Marketing no ISCAP.

Em 2012, enquanto trabalhava numa associação de apoio a crianças com deficiência, conheceu Cíntia Woodcock, com quem viria a criar a Portugal Lovers e o Urban Market — mercado de criadores portugueses —, um dos eventos mais conhecidos da marca. 

Em 2019, as duas sócias decidiram seguir caminhos diferentes e a Filipa criou a sua própria empresa, Mesh Up Events, dando continuidade ao evento Urban Market e à sua missão de promover criativos portugueses.

2020 trouxe incertezas, pausas, mas também novas parcerias. Nomeadamente a VOYEUR, um laboratório criativo de produção de conteúdos escritos e visuais, projecto iniciado com Rossana Mendes Fonseca, e que pretende impulsionar marcas emergentes nos meios digitais. 

Conhecemos a Filipa aquando da sua entrada no nosso espaço de cowork, há cerca de 8 anos e, desde então, tem sido uma companheira de mil e uma aventuras, dentro e fora de portas. Hoje em dia, com uma ligação à CRU mais firme e permanente, é a nossa Head of Marketing.

Sabemos que és freelancer há já vários anos. Em que projecto(s) estás a trabalhar neste momento?

Sou freelancer há quase 10 anos.  

Neste momento, tenho o Urban Market em pausa, devido à pandemia. Entretanto, em maio de 2020, com a criação da VOYEUR, foram surgindo novos trabalhos de gestão de redes e criação de sites.
No final de 2019, fui convidada para a equipa do FANTASPORTO, o Festival Internacional de Cinema, trabalho que se mantém até hoje.

E, no final deste ano, a convite do Simão do Vale Africano aceitei ser produtora no seu novo projeto, VÁCUO, co-criado por ele e pelo Daniel Silva, que esperamos ver, em breve, numa sala de espectáculos.

Concentração vs procrastinação… qual é a tua receita para a produtividade?

Sou uma pessoa de manhãs e a minha receita para a produtividade começa cedo com o exercício matinal. Eu sei e sinto que, senão o fizer, a minha energia e predisposição ao longo do dia não é a mesma. 

No que  toca à organização, tenho por hábito planear o meu dia e fazer “To do lists”.

Que livros mais te influenciaram na tua vida profissional?

Gosto imenso de ler livros que me façam questionar e me deixem a pensar.

Nunca li propriamente impulsionada pela profissão, no entanto, vejo documentários e ouço muitos podcasts ligados à criatividade, entre eles, um dos meus favoritos é o “A Beautiful Anarchy” do David DuChemin. Por causa da pandemia, houve momentos em que senti que a minha criatividade estava a esmorecer, então fui buscar um livro que me foi recomendado e que aconselho, o “Creativity” do John Cleese.

Como descreverias a tua equipa de sonho?

Como trabalho com diferentes projectos, tenho sempre trabalho com  pessoas diferentes, com métodos de trabalho distintos. Por isso nunca idealizei uma equipa de sonho. Para mim essa equipa tem por base a comunicação, saber ouvir as pessoas e respeitar a opinião delas. Saber idealizar em conjunto, para um bem e objectivo comum.

Como é que o freelancing te tem tratado até agora?

Ao longo destes 10 anos de vida como profissional criativa independente sempre tive os meus altos e baixos, mas no geral não me posso queixar.

Claro que tudo na vida tem dois lados, e pelo lado negativo demarco a falta de apoio a nível estatal, e a possibilidade de ver projectos serem ‘usurpados’ por outras entidades.

Que camisolas vestes com entusiasmo?

Desde o momento em que entrei para a CRU – em 2013 – que o sentimento de pertença a uma comunidade criativa como esta, nunca me fez tanto sentido. 

Este espaço tornou-se, para mim, uma segunda casa, uma segunda família. 

Visto esta camisola com muito orgulho, pelas pessoas, pelo espaço e pelas experiências que me proporcionaram ao longo destes anos. Vou estar sempre grata à Tânia e ao Miguel que tornaram isto possível.

Que apps/software fazem te ti uma super-mulher?

Neste momento recorro a  imensas aplicações para gestão de redes sociais – ossos do ofício – e ultimamente à aplicação Notas do Iphone, para as minhas “To do list”. 

Quem é a Filipa quando não está a trabalhar?

Sou uma pessoa que gosta de pessoas e, por isso, está intrínseco em mim a ajuda aos outros. Estou sempre pronta para conviver, para uma jantarada com os amigos, para conversar e acima de tudo ouvir. 

Se puder, não perco um concerto, uma peça de teatro ou uma ida ao cinema. Adoro viajar e recentemente percebi o prazer de fazê-lo sozinha.
Depois tenho o outro lado, adoro estar sozinha e ter os meus momentos de dolce far niente.

Covid 19, 20, 21… que dores ou triunfos foste somando ao longo deste período?

Engraçado como, em tempos complicados, conseguimos reinventar-nos e ajustar-nos às circunstâncias. Durante a pandemia, apercebi-me que não conseguia estar parada, necessitava de trabalhar ou, pelo menos, ajudar. 
Nessa altura, surgiu a oportunidade de ir apoiar um centro de idosos, e não hesitei. Foram dois meses muito importantes para mim e, na verdade, foi uma “chapada de realidade” perante o panorama em que vivíamos.
A criação da VOYEUR, juntamente com a Rossana, permitiu-me alargar o meu espectro de trabalho para diferentes áreas, para além da organização e produção de eventos.

Tens algum motto ou mantra que recordas em períodos mais desafiantes?

Não tenho propriamente um motto, mas sempre tive um olhar muito positivo perante os momentos desafiantes da vida. Para mim, será sempre: “coração aberto, cabeça erguida, tu és capaz.”

CRU Spotlight é um rubrica de pequenas entrevistas a pessoas da comunidade CRU, com foco em aspectos da sua vida profissional como independentes no sector das Indústrias Criativas.

Texto: Tânia Santos Edição: Rossana Fonseca Fotografias: Filipa Moredo