Rui Ribeiro é co-fundador da Musgo, uma marca de design e produção de peças de mobiliário — com especial enfoque nos candeeiros —, feitas a partir da reutilização de madeiras e outros materiais sustentáveis.
Rui Ribeiro nasceu a 1985 e é licenciado em desporto e educação física pela FADE-UP.
No regresso a Portugal, em 2016, após uma estadia de 3 anos no Rio de Janeiro, ele e a sua parceira e arquitecta Margarida Monteiro, decidiram consumar a aspiração em comum: dar vida aos excedentes de produção e aos materiais resultantes de recuperações e restauros de casas antigas portuguesas – portas, janelas, vigas.
Da simplicidade e respeito pelas características dos materiais que recuperam resulta um design intemporal. Paralelamente, a incessante procura pelo menor impacto ambiental com os seus produtos leva-os a estabelecer parcerias com instituições de ensino e investigação como a Universidade de Aveiro, bem como a utilizar materiais inovadores e inócuos ambientalmente, como o eco-cimento.
A loja da CRU tem orgulhosamente representado a Musgo e vendido os seus candeeiros desde 2018. A nossa relação com o Rui e a Margarida tem vindo a estreitar-se ainda mais desde a criação da Between Parallels, associação que advoga o design e desenvolvimento sustentáveis em Portugal, e onde todos somos sócios fundadores.
As peças da Musgo podem ser encontradas no site da marca ou na loja física / online da CRU.
O que é que te levou a criar a Musgo?
Eu e a Margarida, sempre tivemos ambição de trabalhar juntos num negócio próprio por acreditarmos que nos complementaríamos e quando regressamos do Brasil, em 2016, vimos a oportunidade de criar a Musgo.
Casa, escritório, coworking, oficina?… Onde passas as tuas horas de criatividade e produtividade?
O local de trabalho é o nosso atelier, numa antiga vacaria, que foi criado por nós e para nós e é onde nos sentimos bem! Estar em contacto com a Natureza é algo que nos traz tranquilidade, paz e inspiração para novos candeeiros e outras peças!
Quem são os clientes da Musgo e o que é que os faz escolher os teus produtos?
O nosso público alvo é maioritariamente um público ligado à sustentabilidade com preocupações ambientais e que valoriza o trabalho manual, o impacto social, as tradições portuguesas e a inovação associada ao Design. Somos igualmente solicitados por Arquitetos e por gabinetes de Arquitectura de Interiores. Os nossos pontos de venda são o nosso site e as redes sociais, lojas físicas parceiras e alguns mercados e exposições que participamos enquanto marca Musgo.
Como proteges a tua criatividade?
Essa é uma questão complexa devido ao tipo de produto e à facilidade com que as formas e os materiais podem ser ligeiramente alteradas e assim ser difícil proteger o que é nosso.
Quem mais faz parte do projecto Musgo? Como dividem as vossas tarefas e responsabilidades?
A Musgo foi criada por mim e pela Margarida. De uma forma genérica a Margarida é a criativa e eu mais responsável pela logística, mas ambos produzimos manualmente os candeeiros e temos a ajuda de um carpinteiro para as madeiras.
Como é para ti ser empreendedor no Porto / em Portugal?
Ser empreendedor, ou tentar, é sobretudo um desafio e um processo de crescimento diário para conseguir estar sempre à altura do que possa surgir. Vivemos com a incerteza do futuro mas com a convicção que a cada dia que passa estamos mais perto de sermos bem-sucedidos.
A que tribos pertences?
Pertenço, enquanto sócio fundador, à Between Parallels, uma Associação para o Design e Desenvolvimento Sustentável. Esta participação deve-se ao facto de um grupo de marcas amigas do ambiente, microempresas ou empresas em nome individual, sentirem a necessidade de ter uma voz conjunta e reforçada.
O que te faria mais feliz ou realizado profissionalmente?
O futuro passa por criar novos candeeiros, alargar a nossa oferta para o mobiliário, experimentar outros materiais ecológicos e inovadores e levar a Musgo aos quatro cantos do Mundo!
Covid 19, 20, 21… que dores ou triunfos foste somando ao longo deste período?
No que diz respeito às práticas diárias pouco mudou pois já tínhamos como hábito estarmos bastante “confinados” ao nosso Atelier. Contudo, passamos a sair ainda menos vezes (idas a fornecedores, parceiros e clientes) que o habitual. Quanto ao trabalho, apesar da incerteza e da maioria das lojas parceiras estarem fechadas, foram surgindo novos clientes através do nosso site e das nossas redes sociais o que, de certa forma, manteve o nosso volume de trabalho e conseguimos ter tempo para o processo criativo.
Quais foram as maiores lições que aprendeste, nestes anos enquanto empreendedor?
Sendo a Musgo um projecto iniciado do ponto zero e numa área de actuação relativamente nova fez com que todo o processo fosse de muita aprendizagem numa perspectiva de melhorar e evitar ao máximo erro. Acredito que fomos sempre sendo desafiados, por clientes e parceiros, e isso fez com que mais que errarmos fomos nos adaptando às exigências mantendo-nos sempre fiéis à identidade da Musgo.
O CRU Spotlight é um rubrica de pequenas entrevistas a pessoas da comunidade CRU, com foco em aspectos da sua vida profissional como independentes no sector das Indústrias Criativas.
Texto: Tânia Santos Edição: Rossana Fonseca Fotografias: Musgo